Campanha trabalha para pressionar gigante de mídias sociais a policiar discurso de ódio. Maior anunciante da rede, P&G se recusa a tomar posição



A iniciativa que pede que grandes companhias suspendam os anúncios no Facebook segue crescendo, com a adesão de marcas como Puma e Adidas. Mais de 400 marcas suspendem anúncios na plataforma a partir desta quarta-feira, segundo informação da Reuters.


A campanha deve ganhar fôlego globalmente, como planejam os organizadores da campanha #StopHateforProfit (Pare o ódio pelo lucro, em tradução livre), que trabalha para pressionar as gigantes de mídia a coibirem discurso de ódio em suas plataformas.

Quase uma em cada três principais marcas planeja suspender seus gastos com publicidade em plataformas como Facebook, Twitter e YouTube, da Alphabet, em razão das políticas dessas empresas sobre discurso de ódio, segundo pesquisa da Federação Mundial de Anunciantes citada pela agência de notícias Bloomberg.

Entre as principais marcas consultadas, 5% disseram que já suspenderam gastos nessas plataformas, e outros 26% afirmaram que provavelmente vão fazer isso, mostra a pesquisa. Cerca de 40% das empresas estão indecisas.

A federação diz que representa anunciantes que somam 90% dos gastos globais com marketing, ou cerca de US$ 900 bilhões por ano.

P&G não toma posição

No entanto, a Procter & Gamble (P&G), apontada como a maior anunciante individual do Facebook de acordo com  dados da consultoria Pathmatics, afirmou nesta quarta-feira que não fará nenhum pronunciamento sobre suas atividades em plataformas de publicidade em resposta a questionamentos sobre se vai ou não aderir à crescente campanha de boicote ao Facebook.

“Nossa posição tem sido a de não fazer declarações públicas sobre nossa relação com parceiros individuais”, afirmou um porta-voz da P&G, dona de uma série de marcas de alimentos e higiene.“Nós não estamos mudando essa posição, portanto não deveriam esperar mais nada de nós sobre o Facebook ou qualquer outra plataforma de publicidade. No fim, nossas ações vão falar mais que nossas palavras”, concluiu.


A lista de empresas que já aderiram à iniciativa segue crescendo diante da dificuldade do Facebook de convencer anunciantes e ativistas de que vai alterar sua política de moderação do que é publicado na rede social. As últimas negociações fracassaram.

Veja as marcas de já aderiram:
STARBUCKS: A rede americana de cafeterias vai suspender anúncios em todas as plataformas de mídias sociais. E vai postar nessas redes sem promoção paga.

MICROSOFT: A gigante de tecnologia pausará globalmente gastos com anúncios no Facebook e no Instagram pela preocupação de que eles sejam exibidos ao lado de conteúdo inapropriado, segundo uma fonte próxima ao assunto explicou à Bloomberg.

UNILEVER: A multinacional dona de marcas como Omo e Ben & Jerry’s vai interromper anúncios em Facebook, Instagram e Twitter até o fim de 2020.

VOLKSWAGEN: A parada nos anúncios no Facebook impactam diretamente as contas da fabricante alemã de marcas como Porsche e Audi. A companhia e suas agências de publicidade, além da Anti Defamation League (ADL, uma das organizadoras do #StopHateforProfit) vão discutir com o Facebook como lidar com o discurso de ódio, discriminação e fake news, segundo comunicado enviado pela Volkswagen à agência de notícias.

COCA-COLA: Vai pausar anúncios em todas as plataformas de mídias sociais.

FORD: Suspede anúncios em mídias sociais nos Estados Unidos por 30 dias. E não vai pagar anúncios para o anunciar o Bronco nessas plataformas, novo modelo de SUV da montadora.

HONDA: “Durante o mês de julho, a Honda vai suspender seus anúncios no Facebook e no Instagram, escolhendo ficar ao lado das pessoas unidas contra o ódio e o racismo”, disse em nota.

HERSHEY:  A fabricante de chocolates também pausa anúncios no Facebook em julho e corta seus gastos com a plataforma em um terço pelo resto do ano, segundo noticiou o Business Insider.

DIAGEO: Dona de marcas como Johnnie Walker e Smirnoff, vai interromper anúncios nas maiores plataformas de mídias sociais a partir de julho.

PEPSICO: A companhia, que além dos refrigerantes detém marcas como Ruffles e Quacker, retira seus anúncios do Facebook nos meses de julho e agosto.

LEVI'S: Retira anúncios pagos de Facebook e Instagram globalmente e para todas as suas marcas em julho.

ADIDAS: A marca de artigos esportivos alemã também vai cortar anúncios em Facebook e Instagram em todo o mundo no mês de julho, segundo a Adweek.

PUMA: Seguirá a mesma decisão da Adidas.

VERIZON: “Vamos pausar nossos anúncios até que o Facebook possa criar uma solução aceitável que nos deixe confortáveis e que seja consistente com o que fizemos com YouTube e outros parceiros”, disse John Nitti, diretor executivo de mídia da companhia de telecomunicações.

Agência O Globo